Tinkerbell Pink Glitter Wings Blog Yone pensando alto: O assalto

domingo, 27 de setembro de 2009

O assalto

Trabalhei em uma clínica Psicopedagógica e escola particular durante 4 anos.
Isso aconteceu às 17:30h em uma rua de grande movimento de carros e pedestres e ninguém viu ou se viu, fez de conta que não viu.
Certo final de dia terminei um atendimento particular com um aluno, sai, entreguei-o ao pai no portão e voltei para fechar a clínica pois todos já tinham ido embora.
Quando eu já estava do lado de fora, virada de costas para a rua trancando o portão um moço bem alto chegou.
Eu percebi e me virei para vê-lo.
Ele encostou em mim de maneira que eu ficasse escondida atrás dele por eu ser baixinha e o diálogo foi mais ou menos assim:
- moça, eu saí da cadeia hoje e to "precisano" de dinheiro, você pode me "ajuda"?
(Eu vi um revolver em sua mão que estava embaixo da camiseta.)
- moça, eu já matei muita gente mas não quero "mata" mais ningúem, só "vo mata você se precisa".
- moço, eu acho que você tá certo em não querer matar mais e eu acho que você não vai precisar matar ninguém eu vou te ajudar sim.
Abri minha bolsa, peguei minha carteira e dei tudo o que tinha prá ele (inclusive o presente de aniversário que eu havia ganho de minha mãe).
- moça, melhor você nem avisar a polícia depois que eu for embora, eu sei onde você trabalha e o seu horário, se "fica quieta", não volto mais mas se chamar a polícia...
- moço pode ir tranquilo, fica de presente, vá com Deus.
E ele foi embora.
E eu, bom... entrei no carro e fui chorando até chegar em casa.
Cada um tem um jeito de reagir sob pressão e hoje depois de passar por tantas coisas (assim como todos passam) eu posso dizer que sob pressão eu consigo ficar tranquila e negociar da melhor maneira possível, mas uma vez a situação resolvida aí eu dou uma descompensada e desabo, choro até "lavar a alma".
Entrei no carro e num primeiro momento senti um misto de medo com raiva e revolta mas logo pensei: Yone, deixa prá lá senão "esse cara", vai te levar mais do que dinheiro, vai te levar a bondade e isso você não pode deixar acontecer!
Então agradeci à Deus por não haver crianças na escola aquela hora e por nada ter me acontecido... eu poderia nunca ter chegado em casa então meu choro se tornou um choro de agradecimento.
"Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem."
Não gosto de ser vítima, mas... prefiro ser a vítima do que ser o ladrão.
Agradeço pelo meu discernimento e peço perdão pelas coisas que ainda não aprendi.
(se eu tive medo que o moço voltasse?
- Sim, por um bom tempo tive muito medo, por mim e pelas crianças, mas faz parte da vida superar os medos... e o moço nunca mais voltou.)

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